quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O melhor plano de saúde é viver...

"Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão", frase de Fernando Pessoa no texto Encerrando Ciclos. E é isso que eu quero registrar hoje. Um lindo ciclo que está se encerrando para que um mais lindo ainda possa iniciar. Um ciclo de aprendizados, crescimento, mudanças e de muito amor.

Hoje eu encerrei um capítulo da minha vida, que fez toda a diferença pra pessoa que eu sou hoje e pro caminho que eu escolhi traçar a partir de agora. Eu escutei algumas coisas hoje que me fizeram sentir um pouco sobre tudo o que eu vivi nos 4 anos deste ciclo. A pessoa que eu fui, a pessoa que se transformou e a pessoa que eu sou hoje. As prioridades que eu tinha, o caminho que eu construia, a forma como eu me enxergava e a forma como eu enxergava os outros.

Eu aprendi muito sobre quem eu sou e sobre quem eu desejo ser só observando a reação que eu despertava nas pessoas. Não dá pra jogar só pro outro. Não dá pra dizer que não tem a ver comigo. Tem sim. Tinha sim. Eu demorei, mas eu vi e pude mudar. A transformação só pode acontecer (e pra melhor, por favor) se os olhos da realidade estiverem bem abertos.

Eu tive uma família me apoiando. Ora eu era mãe, ora filha, ora irmã, ora a madastra (sempre má), horas e horas... Eu tive mães, tive um pai (o mais protetor e instável, mas o melhor), tive amigos, tive companheiros, colegas e tive várias filhas. Eu conheci pessoas maravilhosas que vou carregar em meu coração para o resto da minha vida. Eu vi pessoas crescerem de forma singela e tão significativa. Eu vi pessoas com brilho nos olhos, fazendo as coisas acontecerem. Eu aprendi muito mais do que uma graduação em 5 anos de faculdade pode ensinar.

Eu aprendi sobre tolerância. Tolerar o outro, tolerar a mim mesma, tolerar a minha intolerância, e tolerar a intolerância do outro.
Eu aprendi sobre trabalho. Sobre trabalhar, e sobre descansar (às vezes é preciso aprender a descansar).
Eu aprendi sobre aprender. Aprender com o aprendiz, que tem muito mais para ensinar do que se imagina.
Eu aprendi a entender as entrelinhas, as megalinhas, as broncas, os conselhos, as indiretas. Porque elas as vezes expressam o que as pessoas nem sabem que querem dizer.
Eu aprendi sobre separar. Separar significou entender que nem sempre o que as coisas significam pra mim, vão também significar para o outro.
Eu aprendi sobre amar. Amar o que faço, amar o meu tempo para fazer o que amo, e amar o meu tempo para amar quem eu amo.
Eu aprendi a ter coragem. Coragem para continuar, para parar, para voltar atrás, e coragem para mudar...

"As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora..."
você nunca vai saber o que a próxima porta te reserva, se não tiver coragem e curiosidade para abrí-la.

Obrigada a todos aqueles que fizeram parte desta história linda da minha vida que eu vou ter muito orgulho de carregar comigo e contar pra Giulia. Afinal, ela esteve lá o tempo todo comigo.
Se vocês lerem isso aqui, vão saber que é pra vocês. E dispensa mais comentários.

domingo, 6 de novembro de 2011

Paradoxo


O tempo demorou pra passar. Olhei pro relógio e só faziam dez minutos. Depois de ter a sensação de já ter passado mais uma hora, só faziam vinte minutos. Assim foi a primeira tarde em que a Giulia ficou na escolinha (vou chamar assim porque acho mais bonito do que berçário). Ela ficou lá mais ou menos uma hora e meia (nos dois primeiros dias ficou menos tempo para adaptação - adaptação para a mãe aqui, porque ela pareceu adorar), mas pra mim pareceu que foram horas, que foi uma tarde inteira.

Isso foi a ansiedade e a saudade de uma mãe babona, porque eu tenho a certeza absoluta de que escolhemos um ótimo lugar pra ela, e que ela será muito bem cuidada lá. Isso foi a sensação de mais uma nova fase que chega, e de mais uma que fica para trás. Isso foi a
emoção de ver como a minha filha está crescendo. Caramba, como ela está crescendo!

O tempo passa rápido demais. É piscar os olhos e ela já está diferente, já está aprontando alguma coisa nova, já está avançando no desenvolvimento. Parece que foi ontem que ela começou a esticar as perninhas e ficar durinha querendo ficar em pé. Hoje, ela já está
virando de bruços, só dorme de ladinho (a coisinha mais lindinha que existe), já controla muito bem a mãozinha que leva tudo para boca (inclusive os próprios pés) e uma das tias já achou o que parece ser o primeiro dentinho querendo nascer.



Ir pra escolinha foi só a primeira de muitas situações em que o orgulho e o aperto no peito chegam juntos. Eu sei que daqui pra frente muitas outras nos aguardam, e que vamos tirar de letra todas elas...

O tempo é um paradoxo para qualquer mãe.
Passa rápido demais e parece que a gente nem tem tempo pra curtir e aproveitar todas as caretas, gestos, babas e resmungos. O tempo demora demais, a hora de buscar na escolinha, de chegar em casa, colocar no colo e dar um abraço apertado.

Parece que foi ontem que ela nasceu com aquele olhinho curioso já querendo abrir 10 segundos depois de sair de dentro de mim, parece que foi ontem toda aquela ansiedade e o desepero de não saber o que fazer. Parece que já faz anos que ela está na minha vida, parece que eu já entendo tudo o que ela quer, e que a gente já se conhece há muito e muito tempo.

Parece que a ficha ainda não caiu...

♫♫♫
És um senhor tão bonito quanto a cara do meu filho...
Tempo tempo tempo tempo, vou te fazer um pedido...

Tempo tempo tempo tempo...
Compositor de destinos, tambor de todos os ritmos...
Tempo tempo tempo tempo, entro num acordo contigo...
Tempo tempo tempo tempo...